Investir no Tesouro Direto - o que não te contam mas é bom você conhecer
O Tesouro Direto, como explicamos nesse post com informações básicas, incluindo como investir e um resumo dos tipos de títulos, é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, flexível e de forma 100% online.
Em seguida, vamos entender como o Triângulo mágico dos investimentos funciona ou pode ser interpretado para o Tesouro Direto. Quer dizer que analisaremos o Risco/ Segurança, Liquidez e Retorno.
1. Risco / Segurança Tesouro Direto
Primeiramente, o Tesouro Direto é garantido pelo Tesouro Nacional, ou seja pelo Governo Federal. Dessa forma um título do Tesouro Direto tem um risco muito baixo. Esse risco de crédito que é o risco do governo não pagar suas dívidas e eventualmente dar calote no Tesouro Direto existe. Ou seja, não pode ser descartado, porém é mínimo.
O risco de crédito refere-se exatamente à possibilidade de calote do Governo Federal e o consequente prejuízo para os investidores. Entretanto, o Governo só deixaria de honrar com o seu compromisso caso existisse uma falência dos cofres públicos. A situação de calote representaria um cenário caótico para a economia do país e para as empresas e investidores em território nacional. Para evitar esse quadro, existem estratégias para que o Governo mantenha o seu status de bom pagador, como por exemplo aumentar os impostos ou emitir mais dinheiro (aumentando a inflação).
Assim, o risco de crédito existe, mas ele é considerado especialmente baixo no Tesouro Direto. Por conta disso, os títulos públicos são investimentos considerados os mais seguros e trazem robustez e segurança para um portfólio de investimentos.
Ademais do risco de crédito, outro risco que merece destaque é o risco de mercado são variações no cenário econômico do país que podem afetar de forma considerável a rentabilidade das aplicações. Como detalhamos nas postagens anteriores, variações da taxa SELIC e/ou IPCA afetam significativamente a variação de preço de mercado de alguns títulos como o o Tesouro Pefixado e Tesouro IPCA.
2. Liquidez Tesouro Direto
Primeiramente, vale destacar que no Tesouro Direto tem um regramento de Liquidez. Dependendo do horário do resgate será possível resgatar o seu dinheiro no mesmo dia – liquidez diária.
O dinheiro do resgate de seu investimento ficará disponível na Instituição Financeira conforme a seguinte regra:
Resgate realizado em dias úteis (de 9h30 às 13h00): a partir das 13h do mesmo dia de resgate;
Resgate realizado em dias úteis (de 13h00 às 18h00): a partir das 13h do 1º dia útil após a solicitação de resgate;
Agendamento de resgate (de 18h00 às 5h00, finais de semana e feriados): a partir das 13h do 1º dia útil.
Porém, é importante lembrar que liquidez é diferente de prazo de vencimento. Todo título tem um prazo em que os recursos voltam para o investidor. A liquidez é o número de dias que você precisa esperar para reaver os recursos quando faz uma solicitação.
Por fim, é importante destacar um conceito básico que vale para os títulos do Tesouro Direto em geral. Se você levar o título até o seu vencimento, está garantido a rentabilidade acordada no momento do investimento.
3. Retorno Tesouro Direto
O regramento da rentabilidade e o seu resultado efetivo vai depender do título escolhido e da variação das condições econômicas:
- Primeiramente, temos o TESOURO SELIC, onde os títulos Tesouro Selic são títulos pós-fixados que possuem rentabilidade atrelada à Taxa Selic. A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. É o investimento ideal para quem quer começar a investir no Tesouro Direto e possui o menor risco e volatilidade. Sendo assim, é o título bom para tempos de incerteza;
- Em seguida, temos o PREFIXADO, onde os títulos prefixados são aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, você já conhece no momento do investimento. É o investimento ideal para quem quer saber exatamente o valor que receberá ao final da aplicação, no vencimento do título. Esse título se destaca principalmente quando a taxa SELIC tem uma expectativa de diminuir;
- Em terceiro lugar, temos o TESOURO IPCA, onde a rentabilidade está atrelada à inflação, medida pelo variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Ou seja, esses títulos oferecem rendimento igual à variação da inflação mais uma taxa prefixada de juros.
Adicionalmente, aos títulos listados acima que já são oferecidos a mais tempo, o Tesouro Direto passou a ofertar outros 2 títulos mais recentemente:
- TESOURO RENDA+ (RENDA MAIS), que se trata do título do Tesouro Direto atrelado ao IPCA, pensado para te ajudar a planejar sua aposentadoria complementar. Diferente dos demais títulos, com o RendA+ você irá resgatar seu investimento em 240 parcelas, assim receberá um valor mensal durante 20 anos. Portanto, ele é similar ao TESOURO IPCA, porém ao invés do resgate acontecer de forma integral no vencimento, o resgate é parcelado, de forma a simular uma aposentadoria para o investidor;
- Finalmente o TESOURO EDUCA+ (EDUCA MAIS) lançado em 2023, voltado para investimento em Educação própria ou de algum familiar. Ele é bem similar ao RENDA+, porém o resgate acontece em 5 anos, em 60 parcelas.
4. Investidores do Tesouro Direto
Conforme dados publicados pelo próprio Tesouro Direto, em Janeiro/24, temos hoje aproximadamente 27 milhões de investidores cadastrados e 2,5 milhões de investidores ativos. Impossível não evidenciar com números, o sucesso da plataforma Tesouro Direto, onde, no inicio de 2014, tínhamos alguns milhares de investidores cadastrados e hoje contamos com alguns milhões de investidores na Plataforma do Tesouro Direto.
Mergulhando um pouco nos dados, percebemos algumas questões interessantes, como que a imensa maioria dos investidores são homens (mais de 70%). Ademais na faixa etária, a maior amostra da população fica nas faixas de entre 26 anos e 45 anos >57%). Em relação a região geográfica, os investidores domiciliados no Sudeste, tem maior participação em número de investidores (>52%).
Para efeito de comparação com outros produtos financeiros:
- Captação Bancária (incluí CDB, LCI, LCA): 15,9 milhões de investidores;
- Ações a vista: 3,7 milhões de investidores;
- FII’s (fundo de investimento imobiliários): 2,5 milhões de investidores;
5. Vendas por Indexador
Outra informação interessante é a distribuição entre os títulos vendidos agrupados por indexador. Ou seja, as opções são: Tesouro SELIC, Tesouro Prefixado e Tesouro Indexado a inflação ( que inclui o Renda+ e Educa+).
Percebemos que o investidor, agora no inicio de 2024 (dados de Janeiro/24), tem preferido a segurança do Tesouro Selic, o título mais seguro do Tesouro Direto, dadas a incertezas em relação ao cenário econômico. Percebemos também que o título do Tesouro Selic é o mais recomprado pelos investidores, antes do vencimento, o que também é esperado, dado o contexto de curto prazo e reserva de emergência do título.
O título do Tesouro Renda+ começa a ter um percentual acima de 2% do total de vendas, enquanto que o Tesouro Educa+ ainda tem um participação muito tímida. Ademais, esses produtos indexados a inflação tem uma característica mais de longo prazo em geral (mais de 10 anos).
Gustavo Avila
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