
Tudo que você precisa saber para Investir no Exterior
Como investir no exterior, em especial, como investir nos Estados Unidos, maior mercado de capitais do mundo?
Essa é uma pergunta que muita gente faz. A fim de ajudar você a entender melhor esse processo, vamos explicar os principais detalhes sobre investimentos fora do Brasil e as possibilidades, principalmente no mercado americano.
Primeiramente, investir no exterior, ou seja, alocar capital em empresas ou ativos financeiros localizados fora do país de origem do investidor, permite acesso a uma gama maior de ativos e oportunidades, diversificando o portfólio de investimentos. Além disso, protege contra a desvalorização da nossa moeda o Real(R$), diminui a sua exposição ao “Risco Brasil” (risco político do nosso país) e oferece a chance de participar do crescimento de empresas globais e de mercados muito mais desenvolvidos que o mercado nacional.
1. Diversificação
Ao decidir investir no exterior, você está dando um passo importante em relação a diversificação. Ou seja, diversificando o seu capital entre ativos nacionais e ativos internacionais.
Assim como investimentos no mercado nacional, naturalmente, aqui vale aqui uma regra de ouro para investimentos, “não ponha todos os ovos na mesma cesta”. Ou seja, diversifique os seus investimentos entre os produtos financeiros disponíveis. Assim se você for investir em produtos no mercado internacional, ao invés de comprar tudo em ações de uma única empresa, diversificar seja entre empresas como entre produtos financeiros (bonds, fundos de investimentos, REIT, etc). Na sequencia, explicaremos mais sobre os tipos de investimentos.
Em resumo, investir só no Brasil, o investidor fica à mercê das discussões domésticas. O Brasil representa uma parte minúscula do mercado global, seja na renda variável ou na renda fixa, e investir no exterior é uma forma de buscar oportunidades que não existem aqui dentro.

2. Exposição ao Dólar Americano (USD)
A nossa moeda, de uma economia emergente, eventualmente se desvaloriza perante outras moedas, e essa exposição em moedas fortes contribui com que o poder de compra do investidor não se perca ao longo do tempo.
Como exemplo, se você teve uma valorização anual real (descontando a inflação) dos seu patrimônio de 10% em investimentos majoritariamente no mercado nacional, o que é um ótimo resultado, porém se o Real desvalorizou 20% perante as principais moedas globais (USD, EURO, etc), o seu patrimônio “global” desvalorizou no ano. Sendo assim, para quem tem viagens ou desejo de eventualmente se aposentar no exterior, esse pode ser um problema.
Se você acumula patrimônio na moeda que planeja utilizar na sua vida futura, seja para viajar ou se aposentar, você consegue se proteger melhor de variações cambiais. Nesse sentido, é preciso entender o momento certo para investir lá fora, seja para avaliar a flutuação da taxa cambial, de forma a buscar um câmbio mais favorável para o investidor.
Ademais, uma exposição a ativos globais deve ser feita quando o investidor já montou sua reserva de emergência. Ou seja, é recomendado que partir deste momento, após montar a sua reserva nacional, com alta liquidez, que o investidor pode começar a olhar para as aplicações internacionais. Nesse sentido, recomendo você consultar o nosso conteúdo relacionado aos primeiros passos para montar o seu portfólio de investimentos, incluindo a sua reserva de emergência.
3. Opções de Investimento Internacional no Brasil - BDR
Inicialmente, vale destacar que é possível investir em ativos do exterior através de BDR (Brazilian Depositary Receipts) na B3, bolsa brasileira. Esse tipo de investimento traz algumas vantagens como simplificação tanto para investir como para cálculo de imposto de renda. Além disso, pode ser feito em R$, sem a necessidade de câmbio de moeda, o que em geral gera algum custo no spread para conversão.
Os Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs, são recibos lastreados em ações de empresas estrangeiras que têm capital aberto em outros países. Esses recibos negociam-se na bolsa brasileira, proporcionando uma maneira indireta de acessar empresas estrangeiras, uma vez que o investidor detém um recibo, não a ação em si. Instituições financeiras brasileiras adquirem ações de empresas estrangeiras e as mantêm sob custódia em uma instituição depositária. Posteriormente, emitem BDRs lastreados nessas ações e as disponibilizam no mercado brasileiro para investidores locais.
A liquidez é outra característica que diverge consideravelmente. O mercado americano constitui aproximadamente 50% do mercado global de renda variável, com liquidez mais elevada do que o mercado brasileiro, que representa aproximadamente 1% do total. Em virtude disso, muitos BDRs ficam sem negociação por dias, até semanas, em contraste com a dinâmica do mercado norte-americano.
4. Investimento Internacional no Exterior
No contexto que mencionamos acima, de buscar efetivamente uma exposição direta ao dólar americano e de diversificação mais avançada, com produtos fora das fronteiras brasileiras, existe a opção de abrir conta em uma corretora americana e investir em produtos internacionais. Nesse contexto, existem várias opções de investimentos disponíveis para quem quer investir no exterior, onde veremos a seguir alguns desses produtos.
Vale destaque para a Lei 14.754/2023 publicada em 13/03/2024 que fez algumas alterações no regramento de tributação de investimentos no exterior. Em resumo, para brasileiros pessoa física, a Lei supracitada juntou o regramento de tributação independentemente da sua natureza, ou seja, tanto dividendos como ganho de capital fora consolidados em um grupo de “rendimento de aplicação financeira no exterior” que ficou com um regramento de alíquota fixa de 15%. Além disso, a partir de 2025, o imposto passa a ser calculado e recolhido anualmente, ao invés de mensalmente como era feito.
- Outro ponto importante é referente a compensação de imposto retido nos Estados Unidos. Isso foi mantido e pode continuar sendo compensado. Ou seja, não existe pagamento dobrado da tributação (bitributação);
- Ademais, outro ponto positivo é relacionado a possibilidade de reduzir o tributo devido através da compensação de perdas com aplicações financeiras no exterior, que poderão ser abatidas dos rendimentos de outras aplicações no exterior;
- Em contrapartida, a principal crítica da nova Lei, é relacionada ao fim da faixa de isenção de tributação (anteriormente, o lucro na venda de aplicações financeiras lá fora era isento de imposto para operações até R$ 35 mil no mês)
4.1 Stocks (Equivalente a Ações)
Stocks são ações americanas compradas em dólar. Assim, elas se referem à compra direta de ações de empresas listadas nas bolsas americanas, como a NYSE (New York Stock Exchange) e a NASDAQ, utilizando a moeda dólar. Essa forma de investimento permite que os investidores brasileiros tenham acesso direto às empresas americanas. Não há sem a necessidade de intermediários ou instrumentos financeiros adicionais.
A New York Stock Exchange (NYSE) é conhecida como a bolsa de valores de Nova York. Vale destacar que é uma das mais antigas bolsas de valores do mundo, sendo fundada em 1792 e está localizada no famoso centro financeiro de Wall Street, na ilha de Manhattan. Por ser uma bolsa inserida em um dos principais centros financeiros do mundo, empresas de variados setores têm o capital aberto nela. Incluem-se nomes como: Coca-Cola, Walt Disney, Nike, Visa, etc.
A NASDAQ é a bolsa de valores eletrônica, fundada em 1971, sendo ela o segundo principal mercado de ações nos Estados Unidos, ficando atrás somente da NYSE em termos de valor de mercado. Algumas das empresas mais valiosas do mercado americano fazem parte da NASDAQ. Entre elas estão a Apple, Microsoft, Amazon, Google, Meta, Nvidia, etc.
Tabela com Comparação de "Stocks" com "Ações"
Comparação entre STOCK x Ações | STOCK (NYSE, NASDAQ,etc) | Ações (B3) |
Moeda | Dólar | Real |
Localização principal das empresas | Estados Unidos (em geral) | Brasil |
Tributação ganho de capital | 15% | Isento (até 20k) ou 15% |
Tributação de dividendos | 30% (retidos na fonte) | Isento |
Distribuição de rendimentos | Trimestral ou Semestral | Trimestral ou Semestral |
Percentual de Distribuição | variável por Empresa | variável por Empresa |
Valor de mercado | >US$ 55.000,00 bilhões |
Existe isenção na venda de Ações listadas na B3, desde que o valor mensal seja inferior a R$ 20 mil. A partir de R$ 20 mil vendidos em ações é obrigatório recolher 15% sobre o ganho das operações, por meio do pagamento de uma guia de DARF até o último dia útil do mês posterior à negociação. Porém, é importante destacar que essa isenção na venda de até R$ 20 mil vale apenas para ações, ou seja, não vale para BDR, ETF, ou outros ativos de renda variável.
Como já mencionamos, acima com a Lei 14.754/2023, não existe mais equivalência no mercado americano de faixa de isenção.
4.2 REIT (Equivalente a Fundos de Investimento Imobiliários)
Tabela com Comparação de "REITs" com "FIIs"
Os REITs americanos serviram de inspiração aos fundos imobiliários brasileiros, são conhecidos há muito tempo no mercado financeiro mundial, existem desde a década de 1960 e podem trazer exposição a imóveis Residenciais, Comerciais, Shopping Centers, Logística, Data Centers, Varejo e até Cemitérios.
Os REITs (Real Estate Investment Trusts) são entidades que controlam, operam ou financiam ativos imobiliários. Esses instrumentos permitem que qualquer investidor detenha uma fração de ativos ou dívidas imobiliárias, aproveitando-se da liquidez e gestão imobiliária sem a necessidade de fazer um investimento muito alto.
Assim como os Fundos Imobiliários, os REIT’s se dividem em REIT’s que investem em propriedades/imóveis (equiparáveis aos fundos FII de tijolo) e REIT’s que investem em dívidas com garantia de propriedades/imóveis (equiparáveis aos fundos FII de papel). Apesar das semelhanças, existem diferenças significativas tanto em relação ao tamanho do mercado como das questões tributárias, especialmente na tributação de dividendos.
Comparação entre REITs x FIIs | REITs | FIIs |
Moeda | Dólar | Real |
Localização principal dos imóveis e locatários | Estados Unidos (em geral) | Brasil |
Tributação ganho de capital | 15% | 20% |
Tributação de dividendos | 30% (retidos na fonte) | Isento |
Distribuição de rendimentos | Mensal ou trimestral | Mensal |
Percentual de Distribuição | ao menos 90% da receita | ao menos 95% da receita |
Valor de mercado | >US$ 1.400,00 bilhões | >US$ 30,0 bilhões |
4.3 Bonds (Equivalente a Renda Fixa)
Bonds são títulos de dívidas de empresas ou do governo, que são emitidos para que os emissores do Bond captem recursos financeiros. Os Bonds corporativos, emitidos por empresas são similares às debêntures do mercado brasileiro, e os bonds do Governo Americano equivalentes ao Tesouro Direto brasileiro (Obs: existem bonds de outros governos além do americano disponíveis, como México e países da América Latina). Ambos são um tipo de investimento de renda fixa negociado nos Estados Unidos.
Assim, ao comprar um bond, a pessoa investidora faz um empréstimo para o emissor (empresa ou governo) do título. O emissor tem a obrigação legal para pagar juros periódicos (conhecido como cupom) e concorda em reembolsar o valor nominal do bond na data final do vencimento. Ademais, o vencimento pode ser de curto a longo prazo e os ganhos com a taxa de juros variam de acordo com cada título. Os juros são pagos com base em uma taxa pré-determinada na emissão do bond. Para mais detalhes sobre renda fixa no Brasil, consulte o nosso artigo sobre Renda Fixa.
Tabela com Comparação de Renda Fixa no Exterior e no Brasil
Comparação entre Bonds (Renda Fixa) | Estados Unidos | Brasil |
Moeda | Dólar | Real |
Localização principal dos imóveis e locatários | Estados Unidos e Global | Brasil |
Tributação ganho de capital | 15% (cupom) 15% (vencimento) | Tabela Regressiva do IR De 22,5% até 15% |
Valor de mercado | >R$ 60 trilhões | >R$ 1.4 trilhão |
A seguir, uma lista com exemplos de alguns Bonds disponíveis em Novembro de 2024. Repare que as rentabilidades são bem distintas dependendo do emissor da dívida (quem terá que pagar o investidor), o investimento mínimo, o vencimento e a classificação das agências de Risco americanas (Fitch, Moodys, etc).

5. Como Investir no Exterior
Por fim, de forma prática um passo a passo mais direto e para investir no exterior:
- Escolha uma corretora: Pesquise corretoras como: Nomad, Avenue, e outras que permitam que investidores brasileiros abram contas;
- Abra uma conta: Siga as instruções fornecidas pela corretora para abrir uma conta;
- Deposite fundos: Após a aprovação da sua conta, deposite fundos nela por meio de transferência bancária;
- Faça o Câmbio: Ao enviar fundos para sua conta bancária ou de investimentos no exterior, realize o câmbio pela plataforma ou envie diretamente em dólar;
- Pesquise os Produtos Financeiros no Exterior: Faça pesquisas sobre stocks, REIT’s, Bonds, nas quais você deseja investir. Considere fatores como desempenho histórico, perspectivas futuras e cenário macroeconômico;
- Use a plataforma de negociação: Acesse a plataforma de negociação fornecida pela corretora para realizar suas transações. Insira as ordens de compra ou venda das ações selecionadas;
- Monitore seu investimento: Acompanhe regularmente o desempenho do seu portfólio, idealmente a cada 2- 3 meses e faça ajustes conforme necessário;
- Diversifique: Não concentre todos os seus investimentos em um único produto ou empresa ou fundo. Diversifique seu portfólio para reduzir o risco;
- Fique atualizado com as regulamentações: Esteja ciente das regras e regulamentos aplicáveis a investidores internacionais;

Gustavo Avila
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